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quinta-feira, 1 de julho de 2010

o olhar do poder

- definição de espetáculo: “imagens destacadas que se fundem num falso mundo à parte, afirmando a aparência como essencial e predominante”.
- o espetáculo aliena o espectador, que só se reconhece e ao seu desejo pela contemplação das imagens e pela identificação passiva do que lhe é apresentado em termos de sociedade e da economia vigentes.
- o telejornal é um espetáculo.
- no espetáculo estão inseridas imagens tanto de medo e violência como de entretenimento.
- duas idéias básicas: medo e violência (para a sociedade disciplinar), e entretenimento (para a sociedade de consumo).

No livro A Sociedade do Espetáculo, de 67, Guy Debord justamente mostra como, no capitalismo, o espetáculo confere uma aparência, uma unidade para o mundo, que na verdade o mundo já não tem. Quer dizer, a vida das pessoas é fragmentária, é solitária, é isolada, é cheia de sofrimento e de angústia - mas, por intermédio da mídia, todos vivem um grande show, uma sensação de poder junto com os milionários e famosos, uma sensação de festa, como os grandes filmes de aventura, que na verdade não existe em seu cotidiano. Então a sociedade do espetáculo preenche esse vazio do cotidiano.
(ARBEX, J. Entrevista na Internet (tirada do ar))


- a realidade é transformada em espetáculo realista (SZYPACENKOPF, 2003, p.169). No caso do telejornal, são apresentadas imagens que acabam sendo mais reais do que a realidade da qual se originaram (170).
- o telejornal existe porque dá credibilidade a uma emissora de televisão.

- a palavra “informação” tem origem jurídica, significa estabelecer a prova de uma infração e a descoberta dos autores da infração. Assim, os jornalistas têm um certo parentesco com o detetive, com o policial e mesmo com o juiz.
- o telejornal apresenta infrações quaisquer que o Estado não tenha punido, para sugerir medidas que as corrijam. (171)

- o telejornal apresenta a atualidade classificada e cortada em rubricas independentes, sem manter relação entre elas e de forma superficial.
- o desempenho de um apresentador de telejornal é comparável ao de um locutor esportivo ou às informações sobre a meteorologia. (172)

- nos telejornais, as notícias são todas semelhantes às de outras épocas, embora diferentes quanto ao conteúdo. Assim, todos os eventos apenas se repetem, favorecendo o esquecimento e justificando o sentimento de fatalidade, de impotência e de distanciamento. (173)

- os indivíduos que participam da vida social organizam seus comentários sobre o que se passa no espaço público em função do que é apresentado pela mídia. (173)

- os jornalistas passam por “autênticos cães de guarda da democracia”, mas respondem a interesses privados. (174s.)

(SZYPACENKOPF, Maria Izabel Oliveira. O Olhar do Poder: a montagem branca e a violência no espetáculo telejornal. RJ: Civilização Brasileira, 2003.)