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terça-feira, 12 de abril de 2011

ghiraldelli

Do Piteco gay ao leitor homofóbico

12/04/2011

Comuniquei aos meus amigos filósofos, Edinho e Nicolao, a descoberta de um dos armários mais antigos do mundo. Sim. Um homem das cavernas gay que, enfim, só saiu mesmo da dupla identidade, ou seja, deixou o armário, agora, por meio da atividade de arqueólogos completamente indiscretos. Bem, isso é o que pode ser dito segundo algumas ressalvas. Pois também pode ser dito que esse gay das cavernas nunca tenha ficado no armário, sendo antes um travesti assumido que, enfim, descoberto agora, mostra que certos grupos de nossos ancestrais podem ter estado adiante de nós, não participando da odiosa homofobia que, vira e mexe, ainda registramos entre nós (The Telegraf, 11/04).

Edinho e Nicolao riram muito da notícia. Eles são heterossexuais. Mas, o fato de rir não os transforma em debochados em relação aos gays. Caso eu tivesse comentado isso com amigos gays, junto de Nicolao e Edinho, certamente todos nós riríamos. Aliás, essa é a vantagem que o movimento gay tem sobre outros movimentos de minorias.

O movimento gay é, em geral, o menos agressivo dos movimentos de minorias. Os gays mais conscientes parecem entender que o “orgulho gay” não pode nunca perder de vista que, antes de tudo, não é a palavra “orgulho” que deve dar o tom para as manifestações dessa minoria, e sim a palavra “gay”, ou seja, alegre. Gay é alguém que pode ser chamado de “bicha louca”. É claro que isso vale segundo o contexto e segundo quem chama, para despertar riso amigável ou nervosismo da parte de quem recebe o adjetivo. Mas, ainda assim, é desse modo que deve funcionar – mais para o lado da amabilidade com o bom humor que para o lado dos que fazem beicinho. O movimento gay, segundo o que se fez até hoje na Parada Gay, cresceu e conquistou pessoas exatamente por essa faceta: a idéia de ser diferente nunca quis ser suplantada pela idéia de ser diferente segundo um manequim taciturno, de mau humor e ressentido. Não ser ressentido fez do movimento gay um dos movimentos mais sábios entre todos os movimentos de minorias no mundo contemporâneo, às vezes com instrumentos de bom humor que deveriam ser apreendidos pelo movimento feminista e pelo movimento negro.

É claro que isso não impede que algum gay perca a paciência quando a mentalidade que tem objeções ao homossexualismo aparece de modo tacanho, burro e, a partir daí, talvez violento. Eu mesmo, que não sou gay, fico com uma raiva talvez maior que a dos gays quando encontro aquele tipo de pessoa que imagina que alguém é homossexual única e exclusivamente por fazer sexo anal. Meu iluminismo, minha vontade de discutir e esclarecer debatedores ficam bem diminuídos quando leio o que li, aqui em meu blog, de um leitor chamado Jesuíno de Souza de Alomeida (sic.) (jesuino.souza@ig.com.br). Cito o que ele escreveu:

O Dr. Paulo Ghiraldelli Jr., sem dúvidas um letrado, faz um relato muito importante. Agora, seria muito bom se ele, também, se incluísse nos adjetivos citados, com referencia aos religiosos (evangélicos, católicos, espíritas, e outros) e os cientistas. Se não vejamos.

Observe o que o professor e Dr. Paulo Ghiraldelli Jr. diz:

“Nós não vamos tornar o Brasil um bom lugar de viver deixando nossas crianças nas mãos desse tipo de gente, com essa mentalidade”.

“O Dr. Paulo Ghiraldelli Jr. está se referindo as “mentalidades místicas” em detrimento as “mentalidades cientificas”. Como se a ciência também não cometesse seus enganos.

Então dr. Paulo Ghiraldelli Jr. o que o Sr. Acha do “Kit Gay” para ser distribuído entre as crianças nas escolas publicas? Quem elaborou este “Kit”, foi à mentalidade mística?

E sobre o Projeto de Lei n°. 122/2006, que dá ao homossexualismo o “status de divinização, além de Deus”. Uma vez que de Deus se pode criticar, mas a “conduta homossexual” não, esta não pode, em hipótese alguma, ser criticada. Por ventura, este projeto está sendo elaborado pela mentalidade mística?

Não é a mentalidade cientifica que diz ser o homoxessealismo natural, e o “ânus” um órgão sexual, pronto para o coito. Porque macacos e até Leões os são e praticam! E mais, não é a “mentalidade jurídica atual” que, entende que uma opção, um desejo, uma vontade é condição mais que suficiente para gerar um direito! E que é um absurdo o legislador não transformar isto em Lei!

Então, por eu ter preferência por “coito anal”, devo eu exigir isto na forma da lei? Devo eu chamar Maria de João e João de Maria, por que assim o Estado quer e o “Conselho Federal de psicologia” entende ser absolutamente normal? O problema, Dr. Paulo Ghiraldelo Jr., não é religião ou ciência, mas de esquizofrenia.

Como se pode notar, trata-se de uma pessoa alfabetizada. Mas, de que valeu essa pessoa ter aprendido a ler e escrever? Ela não conseguiu ler algo bom. Caso tenha lido, jamais entendeu. Não duvido que ouviu falar de Freud e da “fase anal”. Tenho certeza que já ouviu as mulheres dizerem que também fazem coito anal. Aposto que já leu alguém explicar que o homoerotismo não implica em coito anal necessariamente. Mas, tenho certeza, também, que nunca conseguiu utilizar de nenhum de seus neurônios para buscar, com algumas sinapses, saber do que se estava falando quando ouviu tudo isso.

É claro que alguns diriam que uma pessoa assim não é nenhum macho alfa. É, sim, um gay homofóbico. Alguém que está assim, condenando o homossexualismo e circunscrevendo-o ao ato sexual do coito anal, é porque ela própria desejaria muito praticar tal ato e, no entanto, tem ódio de si mesmo por desejar isso. Assim, um texto desse tipo, como o que tal pessoa colocou aqui no meu blog, revelaria apenas um gay cujo armário ela não quer que se abra nem aos olhos de arqueólogos xeretas de um futuro distante. Por isso, aponta baterias homofóbicas publicamente. Trata um filósofo como eu de “esquizofrênico”. Afinal, eu estaria defendendo a ciência contra a religião. Mas a ciência, na conta dessa pessoa, é apenas a loucura que faz com que o mundo atual transforme o ânus num pedestal que todos nós veneramos.

A maioria que leu o que esse rapaz escreveu, não teve dúvidas em identificar nele um ódio para consigo mesmo – o ódio de ser gay. Ora, contra esse tipo de gente, realmente, não há humor que possa sobreviver, a não ser após um segundo olhar. Pois, em um primeiro momento, o que a leitura do texto desse tipo de pessoa causa em mim é um único impulso: o de vômito. No entanto, uma pessoa assim precisa de ajuda. Não sei que tipo de ajuda pode se aproximar dele, mas que ele precisa de ajuda, não tenho dúvidas. Uma pessoa assim, com ódio do mundo por estar com ódio de si mesma, pode a qualquer momento pegar uma arma e entrar numa escola qualquer, atirando em todos. Sabe-se lá qual a vingança que ela quer perpetrar ao mundo.

© 2011 Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor e professor da UFRRJ


VII Fórum Regional Ages

Slides apresentados ontem, no VII Fórum Regional da Faculdade Ages, em Paripiranga-BA (agradeço ao prof. Luciano Moreira, da UFAL, por ter cedido sua tese de doutorado, fundamentada em sólidas bases marxianas, que serviu como inspiração dessa apresentação)

http://www.4shared.com/file/y6RJ087e/SUSTENTABILIDADE_E_CAPITALISMO.html

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slides do café filosófico da tarde, sobre filosofia e religião, que apresentei com profs rodrigo e cristiano

http://www.4shared.com/file/-pQAsiz8/filosofia_e_religio.html