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sexta-feira, 2 de julho de 2010

joelmir betting

durante o jogo de hoje, o consumo de energia caiu de 57 pra 52 mil megawatts (ou algo assim). com a eliminação, deixarão de ser poupados então 10 mil megawatts...

gana e paraguai (II)

o chapéu que o asamoah deu no segundo tempo da prorrogação!

o pênalti cobrado pelo mensah!

a cavadinha do loco abreu!

gana e paraguai (I)

essa jogada lembrou o segundo gol da holanda hoje (cléber machado, sobre uma cabeçada de gana que não entrou)

"só perde quem bate" (cléber machado, sobre o pênalti perdido por gana aos 17 do segundo tempo da prorrogação)

suárez "se sacrificou" pela sua seleção (caio)

"os mais famosos, quer dizer, os mais famosos e competentes, ficam para abrir e fechar a série dos pênaltis" (cm)

"foi uma sexta-feira de emoção!" (cm, encerrando a transmissão)

brasil e holanda (falcão)

(logo depois do final do jogo:)

“pior do que tomar o segundo gol foi a expulsão” (falcão)

não devemos ficar tristes, porque “isso aqui é apenas um jogo de futebol” (falcão)

brasil e holanda (galvão bueno)


“depois nós vamos falar sério disso. temos que salvar todos os animais em extinção” (galvão bueno) (???)

depois ele tenta colocar a culpa pelo gol da holanda nas vuvuzelas (o barulho delas não deixa os jogadores brasileiros se comunicarem) (!!!)

boris casoy

"ruim ou péssimo apenas para 3 por cento (dos brasileiros)" (sobre dunga)

em apoio a dunga (sobre a coletiva)



osman lins

"ao pé da fogueira

“No Nordeste, as festas juninas – Santo Antônio, São João, São Pedro – coincidem com a época em que se quebram as espigas de milho, isto é, em que elas são colhidas. Assim, fazem parte da atmosfera do mês as comidas de milho; bolos, pamonhas, canjica (que não é a conhecida em São Paulo, mas uma espécie de papa sobre a qual depois se polvilha canela e cuja preparação obedece quase a um ritual que inclui a urupema, peneira tecida com fibras vegetais), milho cozinhado, depois de raspado no ralo, para que o sal penetre, milho asado na fogueira etc. Ausente há alguns pares de anos, não sei se muitas casas ainda se enfeitam com lanternas japonesas; e se, nas casas com terraços laterais, atravessados pelos ventos, tão comuns na região, as crianças ainda se divertem em pendurar bandeirolas de papel de seda. Não esquecer os balões e os pequenos fogos de artifício, que brilham a vida inteira na memória dos nordestinos – mulheres e homens – como se fossem a luz da sua infância.
Naturalmente, houve e há as reuniões coletivas. Mas, em linhas gerais, o São João, no Nordeste, sempre teve o caráter de um festejo doméstico, particular, cada família girando em torno dos seus próprios bolos, dos seus próprios fogos (caraduras, velinhas, pistolas, estrelinhas) e, quando possível, das suas próprias fogueiras, acesas nos quintais, ou de preferência na rua, em frente às casas.
Nada disso existe em São Paulo. Come-se batata assada, pipoca (coisa que existe o ano inteiro em qualquer porta de cinema), e toda comemoração é coletiva, e, portanto, nada espontânea, mas provocada.
Há um ponto, entretanto, em que os costumes nordestinos e paulistas coincidem (na verdade, coincidem no país inteiro): nos bailes à caipira. Pode-se, aqui, falar de tradição? Não creio. Caberia, com mais propriedade, falar de hábito ou mesmo de vício, tomando-se o termo não apenas na acepção de algo que se repete, mas de algo deturpado, impróprio, deformado. Sim. Porque o baile à caipira é tudo isso e ainda mais.
O que sucede com certa frequência acaba parecendo-nos natural, justo, certo. Nunca refletimos sobre o que não é insólito ou espantoso. Pois vale a pena refletir um pouco sobre essa coisa de aparência tão inofensiva, divertida e amena que são as festas caipiras (mas realizadas nas cidades), praga nacional do mês de junho.
Todos sabem, mais ou menos, em que consistem. Homens e mulheres, de preferência, porém, crianças de ambos os sexos, vestem-se – ou melhor, fantasiam-se – como se vestiriam os nossos lavradores. Claro, a imaginação desses falsos camponeses, desses falsos plantadores de cana ou de café, varia segundo as suas posses e segundo o nível de riqueza da região onde moram. Nas pequenas cidades, mais modestamente; em uma cidade como São Paulo, de um modo que beira o desvario. Tendo visto nas lojas de São Paulo, vestidos caipiras tão enfeitados de laços e babados que mais parecem os das heroínas das grandes mansões do Mississipi, à época da Guerra de Secessão; ou os das meninas de Renoir. Mas, ricos ou pobres, esses trajes pecam todos, inicialmente, por uma falsidade alarmante. Embora não lhe falte o chapéu de palha de abas desfiadas (alguns enfeitados com flores artificiais, para compensar a pobreza do artefato), nada têm a ver com o que sejam as roupas e as condições do nosso lavrador. Os trajes masculinos, é verdade, fogem menos que os femininos a essa falsidade insolente: alpercatas ou botinas; calças curtas ou arregaçadas; camisas de xadrez (por que, sempre, camisas de xadrez?); lenço no pescoço: o bigode e pêra pintados com cortiça queimada; o infalível chapéu de palha desfiado, às vezes cachimbo e, em alguns casos, o supremo requinte de fingir a ausência de três ou quatro dentes, pormenor que a nossa população urbana acha altamente espirituoso.
Os bailes, é claro, são animados – não exclusivamente – por sanfona, não faltam as quadrilhas, que, como todos sabem, é uma dança francesa, e algumas festas mais sofisticadas não dispensam o casamento à caipira, evidentemente com um par de noivos ridículos e um padre burlesco.
O curioso é que este tipo de coisa é mais frequente ainda nas escolas. Não há professora primária, em todos os quadrantes do país, que não considere indispensável ao seu trabalho de educadora, de formadora do futuros cidadãos brasileiros, a festa caipira de junho – a qual, em geral, marca o fim do primeiro semestre letivo –, com todas as falsidades que apontamos.
E insisto no termo ‘falsidades’. Porque, aí, a falsidade no vestir não é casual e, muito menos, inofensiva. Ela apenas expressa uma atitude errônea, eu diria mesmo delituosa, frente a um aspecto muito importante e muito sério da nossa realidade. Em primeiro lugar, não é justo que, seja por que modo for, procuremos incutir nas crianças urbanas uma noção ridícula ou idealizada do nosso homem do campo. O nosso homem do campo não é uma caricatura ou algo com que se brinque. Também não é um estranho ou um inimigo do homem da cidade, não nos sendo inferior em nada – a não ser em privilégios. Nós, da cidade, comemos o que ele produz. E o que ele produz é obtido em condições em geral muito difíceis. Está submetido à incerteza do tempo, a chuvas demasiadas ou à falta de chuvas. Agora mesmo, há, abrangendo vários Estados, uma seca violenta, que atinge 227 municípios e mais de 4 milhões de brasileiros, tendo destruído TODAS as plantações numa área duas vezes superior à do Estado de São Paulo! Contudo, ainda em tempos normais, o nosso caipira vive em estado permanente de carência. Sujeito à verminose e a uma série espantosa de endemias, necessitando de cuidados médicos, vivendo em precárias condições de higiene, tem uma vida dura como poucos. O casamento, para eles, é quase sempre algo necessário e até mesmo triste: não casam para fazer graça, para servir de piada, na maior parte das vezes nem chegam a casar, juntam-se, e juntam-se para ter filhos, muitos, pois cada filho, se representa uma boca, representa também uma possibilidade de ajuda, dois braços magros a mais, a possibilidade – mesmo remota – de um apoio no futuro.
Acho, pois, inadmissível que entrem e saiam os anos, repetindo-se tranquilamente, durante o mês de junho, notadamente – insisto – nas escolas, sem que se ouça uma voz discordante, um protesto, uma palavra de indignação, esse cerimonial iníquo e altamente deseducativo que são as festas caipiras. Esse tipo de comemoração não tem nada de regional, nada de autêntico, nada de brasileiro, nada de pedagógico. A mim, confesso, revolta-me.
Por formação, sou pouco inclinado a crer que se possa amadurecer na base da proibição (ou da obrigação) e jamais sugeriria que, ao menos nas escolas, as festas caipiras fossem proibidas. Desejaria, isto sim, que pais e educadores se dessem conta do absurdo em que incorrem, promovendo, num grau de inconsciência verdadeiramente inadmissível, esse gênero de reunião ou, por qualquer modo, colaborando com ela. Os homens e mulheres, quase sempre analfabetos, quase sempre mal assistidos, desconhecidos de nós todos, distantes de nós todos, que lavram isolados o chão do País, lutando contra pragas, contra as condições climáticas, ao sol e à chuva, pés metidos no barro, aferroados pelas formigas, mordidos de cobra; as mãos cortadas pelas folhas de cana, mal vestidos, mal-alimentados, mal-tratados, merecem ao menos o nosso respeito. E é preciso que esse respeito comece a ser aprendido na escola. Falsificar esses nossos irmãos, idealizá-los e ridicularizá-los, como tanto se faz nas festas de junho, não passa de irresponsabilidade. Uma brincadeira estúpida. (1976)”

(LINS, Osman. Ao Pé da Fogueira. In: _______. Do Ideal e da Glória: problemas inculturais brasileiros. São Paulo: Summus, 1977. Pp. 153-156)

globo

“ah! eu descobri! sem a cabeça eles são inofensivos!”
(todo mundo em pânico)