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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

latinas

Lucrum sine damno alterius fieri non potest (Publílio Siro)

"O lucro de um não pode existir sem o prejuízo de outro"

ATEA

Ateu é a mãe

Morreu pagã, sem receber o batismo das ruas, a campanha publicitária contra o preconceito que a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) previa para este mês.
Com frases como "se Deus existe, tudo é permitido"; "a fé não dá respostas, só impede perguntas" e "somos todos ateus com os deuses dos outros", foi recusada em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, as três cidades do país em que estava programada.
Aqui, como na Austrália, foi vetada pelas empresas de ônibus, que estampariam os outdoors ambulantes. Nenhuma quis meter a mão num vespeiro que envolve fé e religião.
Menos mal que a censura não tenha vindo do governo, como na Itália. Pena ter perdido a oportunidade de despertar a polêmica vivida na Inglaterra e Espanha. Sem entrar no mérito do conteúdo, a campanha poderia jogar os holofotes no postulado que prega a superioridade moral daqueles que creem em algum deus.
Estimados em 2% ou 3% da população, os ateus foram, ao longo dos tempos, uma minoria silenciosa e quase invisível. Invisibilidade conveniente, tendo em conta a inquisição sociorreligiosa que fez -e faz- da condição um insulto.
Mas a minoria descrente cansou de apanhar em silêncio.
Há dois meses, quando Frei Betto escreveu na Folha que os torturadores da ditadura eram ateus militantes, choveram protestos à ombudsman, no "Painel do Leitor", em blogs. Curioso é que os sem deus entraram no artigo como Pilatos no Credo, uma menção lateral num texto cujo intuito era atestar a religiosidade da candidata Dilma Rousseff.
O frade dominicano tentou explicar depois, em entrevistas, seu conceito de "ateu militante", mas a emenda não colou -retórica à parte, por crença ou obrigação religiosa, seu discurso só ajuda a reforçar a ladainha de que o mal é monopólio de quem não crê.
Ironicamente, é o mesmo ponto de vista do apresentador José Luís Datena, que em seu programa de TV tascou na conta do ateísmo a existência de crimes hediondos, bandidos, estupradores e assassinos. E elaborou: "Ateus são pessoas sem limites, por isso matam, cometem essas atrocidades. Pois elas acham que são seu próprio Deus".
Que duas figuras tão ideologicamente distintas comunguem o mesmo preconceito simplório revela o quanto ele está arraigado. E convém ressaltar que elas são só duas vozes do coro, mas o mantra é de uso geral e consagrado.
A campanha publicitária dos ateus e agnósticos era a chance de desafinar, levando às ruas mensagens que a maioria religiosa provavelmente encararia com desconforto ou até como ofensa pessoal. Seria no mínimo divertido assistir. Com muita sorte, poderia até ser educativo.
(Vera Guimarães Martins. Folha de SP, 19/12/2010)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1912201006.htm

WikiLeaks na Folha de SP (19/12)

No domingo, novamente NENHUM artigo das páginas 2 e 3 sobre WikiLeaks. NENHUMA carta de leitor sobre o assunto, ao contrário do que me havia informado por e-mail o editor do Painel do Leitor na última quinta-feira (Sr David, é que as cartas não têm sido muito criativas sobre esse assunto, mas a pergunta de domingo geralmente eu guardo para assuntos de destaque. Domingo teremos outra sobre o WikiLeaks. Abraço, Tedesco .) A 'pergunta da semana' foi sobre os bingos. Nem nas 'Tuitadas' aparece o assunto.
A Ombudsman também não tocou no assunto, em sua coluna semanal.