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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

uól

09/11/2010 - 19h03

Programa impede acesso de usuários bêbados às redes sociais

DA FRANCE PRESSE, EM WASHINGTON

Um grupo de segurança informática na internet criou uma nova ferramenta com a finalidade de impedir que usuários de redes sociais, como Facebook, Myspace ou Twitter, escrevam mensagens quando estiverem bêbados, evitando arrependimentos no dia seguinte.

Partindo do princípio "nada bom ocorre depois de uma da manhã", o programa da empresa Webroot, com sede no estado americano do Colorado (oeste), promete "por um fim ao pesadelo do dia seguinte, quando o usuário se arrepende do que escreveu durante a madrugada".

A ferramenta, chamada "teste de sobriedade para redes sociais", é gratuita para os usuários do navegador Firefox (veja aqui). Ela pede que os internautas se submetam a um exame de coordenação antes de acessar os sites de socialização favoritos.

Um dos testes exige que a pessoa mantenha o cursor do mouse no centro de um círculo em constante movimento e outro que se identifique corretamente uma série de luzes intermitentes.

Se o usuário falhar, não poderá entrar nos sites.

O Google propõe uma ferramenta similar aos usuários do Gmail, obrigando-os a resolver cinco problemas matemáticos simples em menos de um minuto para poder enviar um e-mail.

(http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3312815904972918799)

macanudo


(Folha de SP, 12-11-10)

tiririca












(Folha de SP, 12/11/10)

vinte de novembro

Lobato e Twain

José Sarney

Embora já tenha esfriado o debate sobre a decisão do Conselho Nacional de Educação, que vê em "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, racismo, não quero deixar de opinar sobre o assunto.
Poucos no Brasil têm sido defensores da raça negra como eu. Acho, inclusive, ser a escravidão a maior mancha de nossa história. Desde que entrei na política apoiei Afonso Arinos, e fui o criador da Fundação Palmares, dedicada à promoção da raça negra. Fui o autor do primeiro projeto de cotas raciais.
O que acontece com Lobato lembra-me um caso clássico da educação americana: o combate a "As Aventuras de Huckleberry Finn", de Mark Twain. Desde que foi publicada, em 1884, essa continuação de "As Aventuras de Tom Sawyer" causou polêmica, foi considerada imprópria e retirada de currículos e bibliotecas.
A reação de Twain (Samuel Clemens, no civil) foi tratar o assunto com humor: "Expulsaram Huck de sua biblioteca como "lixo e só adequado às favelas". Isso vai vender com certeza umas 25 mil cópias". Mas a discussão continuou.
Muitas vezes, os que o combatem mais querem utilizar o negro para brilhar do que para defendê-lo.
Huck foi um extraordinário sucesso. De vendas e literário.
Hemingway declarou que "Huckleberry Finn é o livro de onde brota toda a moderna literatura americana", onde "nada foi escrito de tão bom".
Mas a polêmica continua até hoje. Tudo porque Twain inovou recriando a linguagem de cada personagem com as características da vida no Mississippi, inclusive incorporando o tratamento a um dos personagens centrais, o "nigger" Jim, escravo fugido.
No entanto, o livro é uma sátira terrível, onde Jim é o bom caráter, em meio a uma multidão de brancos que representam todos os defeitos da sociedade escravocrata.
Além de excluído de bibliotecas, o livro tem enfrentado todo tipo de censura -e sobrevivido como um dos livros mais lidos nas escolas americanas. Sobre a polêmica há toneladas de textos, mas creio que o definitivo seja o julgamento do juiz Stephen Reinhard: "Palavras podem machucar, particularmente epítetos racistas, mas um componente necessário de qualquer educação é aprender a pensar criticamente sobre ideias ofensivas. Sem essa habilidade, se pode fazer pouco para responder a elas".
Lobato está em boa companhia. A criação literária é um processo próprio, e tramas, personagens e cenários existem somente na imaginação do autor. Nem por isso deixam de refletir realidades e ser instrumento de mudanças na sociedade. "Caçadas de Pedrinho" iluminou a vida de milhões de brasileiros, despertando neles o sentido da convivência racial e da igualdade entre brancos e negros.

(Folha de SP, 12/11/2010)

vinte de novembro

Nada inocentes

Ruy Castro

"Fess Parker, o ator que interpretou o caçador Davy Crockett numa série produzida por Walt Disney para a TV americana nos anos 50, morreu em março último, e seus obituários ressaltaram o assombroso sucesso dos filmes: 40 milhões de telespectadores por semana, de 1954 a 1956, e um gigantesco merchandising em torno do personagem.
Durante anos, os garotos americanos obrigaram seus pais a comprar-lhes um chapéu de guaxinim, com rabicho e tudo, como o usado por Davy. Além dos mocassins, jaquetas de franjas e calças (tudo de couro), mochilas, rifles de brinquedo, machadinhas, quebra-cabeças, gibis, o disco com "The Ballad of Davy Crockett" e toda quinquilharia que se referisse ao herói.
Hoje, o herói já não o é tanto. Descobriu-se que Crockett, vivendo na floresta, não matava animais apenas para comer, mas esfolava-os -coatis, gambás, castores, alces, gamos e até ursos- às centenas, e vendia seus couros e peles para os intermediários que abasteciam os empórios. Vivia disso. E, de couro dos pés à cabeça, ele já era um comercial de si próprio.
Sem saber que incidia em pecado, a série também mostrava Crockett como matador de índios e feroz perseguidor dos mexicanos que ousavam conspurcar o solo dos EUA. Enfim, agora descobrimos que, aos olhos do politicamente correto, não podia haver personagem pior.
Até morrer, em 1966, Walt Disney (o Monteiro Lobato americano, só que ao cubo em matéria de negócios) nunca se preocupou com isso. Os meninos que idolatravam a série também não reparavam nas maldades de Davy. Da mesma forma, os milhões de brasileiros inocentes que lemos Lobato em criança nunca nos demos conta de que Tia Nastácia vivia sendo humilhada pelo autor. Tivemos de esperar 50 anos para que adultos de hoje, mais perspicazes e nada inocentes, finalmente nos informassem disso."

(Folha de SP, 12/11/2010)