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terça-feira, 17 de maio de 2011

II Semana de História (UNEAL - Arapiraca)


Slides do minicurso de quarta-feira (18/05), apresentados na "II Semana de História da UNEAL- Arapiraca". Montados a partir de uma leitura da História do Brasil pelo Método Confuso - livro do capixaba Mendes Fradique, publicado em jornais cariocas a partir de 1917 (em livro em 1922). 
Junto com uma parte descritiva sobre os bestialógicos do Romantismo brasileiro, compõe o substrato teórico do capítulo 8 da 'Enciclopédia Jagunça': "Teoria Soroptimista" é uma aplicação do método confuso a livros de Guimarães Rosa.

semana da luta antimanicomial

Na sexta, será debatido o filme 'O Alucinado', de Luís Buñuel (México, 1953). 

o bom-crioulo (adolfo caminha)



“O romance entre Bom-Crioulo e Aleixo é tratado com naturalidade e é de se lembrar que, quando os dois moram juntos na Rua da Misericórdia, são objeto de inveja por parte de outros marinheiros.”

         “Como no caso de Pombinha [de O cortiço], também é a relação homossexual que parece liberar a sexualidade de Aleixo, inclusive para o sexo oposto, pois é depois de se relacionar com Amaro que Aleixo vai manter suas primeiras relações sexuais com uma mulher.”

         A moral da história de Caminha não é que os ‘pederastas’ são degenerados [...]. Afinal, Aleixo é morto e Amaro vai presumivelmente preso não porque praticam relações homossexuais, mas porque um trai o outro. Não é a prática do homossexualismo em si mesma que leva ao trágico desenlace.”

(FRY, Peter. Léonie, Pombinha, Amaro e Aleixo: prostituição, homossexualidade e raça em dois romances naturalistas. In: EULÁLIO, Alexandre et al. Caminhos cruzados: linguagem, antropologia e ciências naturais. São Paulo: Brasiliense, 1982. pp.33-52)

“Salta aos olhos que o homossexualismo tematizado por Caminha é um desvio do heterossexualismo. O desejo não se manifesta na direção de um igual, pura e simplesmente, mas de um igual que se assemelha ao diferente. [...] Desfaz-se, portanto, o nó homossexual do romance: Amaro busca o Aleixo enquanto ‘mulher’. Este se submete por necessidade de proteção e sobrevivência. [...] Acaba unindo-se satisfatoriamente à primeira mulher que lhe aparece pela frente.”

“Poder-se-ia perguntar até que ponto o negro Amaro escolhe um jovem louro para amar e sustentar, como compensação de sua condição econômico-racial. E este, ao trocá-lo por uma mulher portuguesa, estaria comportando-se como seus pares da raça branca, humilhando-o e rebaixando-o. Troca o homem pela mulher, o negro pelo branco, o africano pelo português, o fedorento pelo cheiroso, o animal pelo humano, o colonizado pelo colonizador.”

(MALARD, Letícia. Sexualidade à moda naturalista. In: Literatura e dissidência política. Belo Horizonte: UFMG, 2006. pp.181-196)