Na noite do fatídico 11/9, eu estava dormindo na casa de minha mãe. Me acordaram na madrugada, antes das 4 da manhã, e estávamos todos assistindo ao noticiário sobre a morte de Toninho, a cidade inteira em estado de choque, falava-se muito em crime político, atentado, quando, com o dia amanhecendo, começaram na tv aberta as notícias dos EUA. Ao mesmo tempo que queríamos ver o noticiário estrangeiro, pois todo o mundo estava acompanhando o atentando contra as Torres Gêmeas desde seu início televisionado pelos eua, queríamos muito também que continuassem as notícias locais, com nada menos que o assassinato do prefeito de uma cidade de um milhão de habitantes, e de quem muitos nos sentíamos próximos, graças à ótima gestão que vinha fazendo, especialmente em relação à Cultura, que sempre fora um forte da cidade.
Toninho, o prefeito do PT de Campinas na época (após sucessivas reconduções ao cargo do psdb de magalhães teixeira - um cara muito legal, no entanto, considerando a sombra nefasta do equino orestes quércia). Por isso, depois subiria ao trono a vice-prefeita (que, coincidentemente, morava no mesmo prédio que minha irmã), a qual, além de totalmente despreparada, pareceu realmente incapaz de arcar com a responsabilidade, praticamente destruindo a cidade com mato por toda parte, especialmente nos terrenos entre avenidas (Aquidaban e Norte-Sul, por exemplo), matando parece também o PT da cidade.
Assim, querendo, além de tudo, saber notícias do Toninho, acompanhávamos, do quartinho minúsculo onde estava a televisão (a casa era grande, mas acho que era somente eu, quase, que a assistia, naquela época, daí ficar na pequena biblioteca familiar), atônitos como todos, e raivosos, porque não dava mais nada sobre Campinas na tv, só uns flashes raros. A filha de Toninho era aluna de João, por isso, também, sua especial atenção ao caso, ali, no momento, frente à tv.
Comunicávamos por telefone o tempo todo, e meu irmão, de sua casa, gritou, nos alertando, pelo telefone: 'não, não, é outro avião! eles estão achando, na globo, que os eua estão repetindo a cena do primeiro avião, mas olha lá!!, o primeiro já tá pegando fogo e a segunda torre foi atingida e eles ainda não perceberam, só agora que estão falando... kkk'
Logo depois, cheguei a conhecer a viúva de Toninho, em casa de meu pai. Ela foi com a filha, de 15 anos, pedir apoio para descobrir o que realmente aconteceu com o marido dela naquela noite. Falava-se que tinha sido crime comum, com o prefeito saindo de carro da academia no shopping iguatemi, onde fazia ginástica, e teria sido vítima de assalto. Os ladrões não saberiam que estavam roubando e matando o prefeito da cidade. Muita gente não acreditava já naquela época nessa versão, e logo depois o assassinato de Celso Daniel ajudou a reforçar a hipótese de conspiração. No entanto, parece admitido por todos da cidade hoje que o crime foi latrocínio mesmo.
Era uma terça-feira de manhãzinha, e o mundo estava acabando de verdade. Ao mesmo tempo estarrecidos com os atentados nos eua, com as notícias cada vez mais alarmantes eem sentido crescente exponencial (eu, sempre exagerado, fiquei mesmo com medo da terceira guerra mundial ter chegado finalmente...) e, dominando o planeta todo ali, na frente da tv, naquela manhã do início de setembro que não me lembro se estava ainda muito fria, ou se já tinha começado a esquentar em direção ao verão.
