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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WikiLeaks






















duas das mais de 1000 páginas escaneadas da 'Jihad Encyclopedia in Arabic'.
(arquivo divulgado pelo WikiLeaks)

WikiLeaks (09/12/2010)










Na manchete do "Le Monde" de hoje, "Venda dos aviões Rafale ao Brasil está comprometida"

"C'EST FINI!"

Pelos jornais e revistas da França, do "Le Monde" ao econômico "Les Echos", ecoou amplamente a entrevista de Lula à TV Brasil, em que confirmou que não vai fechar a compra dos jatos franceses Rafale, deixando a decisão para o próximo governo. No enunciado do "Libération", "A venda do Rafale não foi mais do que uma miragem", um trocadilho com um caça francês anterior, o Mirage.
No título da "Le Point", que não acredita mais, "Rafale no Brasil, acabou!". A revista sublinha que a França não consegue mais achar comprador para seus aviões militares no mundo.

(Nelson de Sá, Folha de SP, 09/12/2010)

WikiLeaks (09/12/2010)

Pronunciamento de Lula:
http://www.youtube.com/watch?v=_No3PuIiJ4Q

*

freud
(reparem que ele diz que vai publicar no blog do planalto um 'protesto contra (?) a liberdade de expressão na internet'...)

WikiLeaks (09/12/2010)

WIKILEAKS OS PAPÉIS BRASILEIROS

Lula "cacarejou" sobre clima, dizem EUA

Papéis da diplomacia americana afirmam que Brasil exagerou ao posar como "herói" na cúpula de Copenhague

Telegramas desde 2008 obtidos pelo WikiLeaks mostram que EUA viam Minc como aliado para fechar acordo climático

RICARDO MIOTO
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Novos documentos do site WikiLeaks, obtidos pela Folha, mostram críticas dos diplomatas americanos à atitude brasileira nas negociações internacionais do clima.
Os telegramas foram escritos entre 2008 e 2010. Em um deles, o suposto protagonismo brasileiro na cúpula do clima de Copenhague, no final de 2009, é ironizado.
Segundo a diplomata Lisa Kubiske, "Lula cacarejou" suas conquistas ambientais e sua capacidade de costurar um acordo. Para os EUA, o Brasil teria assumido uma imagem exagerada de "herói" e "cavaleiro branco".
Os documentos mostram a estratégia dos EUA para atrair o apoio brasileiro para suas propostas. O país pretendia enfraquecer o Itamaraty em favor do MMA (Ministério do Meio Ambiente).
Isso porque se, por um lado, os diplomatas brasileiros eram contra a ideia de que países em desenvolvimento assumissem metas de redução de emissões de CO2, o MMA defendia que todas as nações dividissem a responsabilidade pelos cortes, ainda que levando em conta as limitações dos mais pobres.
Segundo os papéis, o embaixador do Brasil para o clima, Sergio Serra, teria dito que "quem lidera as negociações é o Itamaraty, e Carlos Minc [então ministro do Meio Ambiente] fala apenas sobre as suas opiniões pessoais".

"PRAGMÁTICO"
Minc, que sucedeu Marina Silva (descrita como "inflexível e absolutista nas questões ambientais"), era visto como pragmático e parceiro-chave dos EUA para defender que países como China e Índia deveriam ter metas.
O embaixador Clifford Sobel fazia, porém, uma crítica a Minc: "Ele tem tendência a dizer o que gostaria que fosse verdade, e não o que de fato ocorreu". Minc teria garantido a Sobel, no começo de 2009, que a posição do Itamaraty não prevaleceria.
Ainda assim, dizia Sobel: "O MMA está muito mais preocupado em resolver a questão. O Itamaraty a vê no contexto maior da política externa e está disposto a fazer menos sacrifícios".
Carlos Minc disse à Folha que de fato havia uma divisão nítida entre seu ministério e o Itamaraty. "O conservadorismo do Itamaraty se alinhava às posições mundialmente mais atrasadas: como quem historicamente poluiu foram os ricos, eles que façam alguma coisa."
Ele diz que os diplomatas queriam afastá-lo da discussão. "Mas revertemos isso."
Ele convenceu Lula e a então ministra Dilma Rousseff e, em novembro de 2009, o Brasil anunciou metas de emissão de CO2 e incentivou outros países em desenvolvimento a fazerem o mesmo.
Sobel apostava, em abril daquele ano, que o fato de Dilma "aparentar ser amiga e aliada política de Minc" poderia fazer com que ele influenciasse a posição brasileira -os dois atuaram na luta armada contra a ditadura.
Minc não gostou de ser apontado como o homem de confiança dos EUA. "Não tenho nenhuma identidade com os EUA. Tenho posições duríssimas com relação a eles. Defendi posição histórica dos ambientalistas."
Mais informações sobre os papéis podem ser encontradas no site wikileaks.ch.

(Folha de SP, 09/12/2010)

WikiLeaks (09/12/2010)

Não tem preço

Se o Departamento de Estado dos EUA atacou com Visa e MasterCard, que suspenderam o WikiLeaks, os hackers responderam derrubando os sites das duas maiores operadoras de cartão de crédito.
Depois de ordenado o ataque no início da noite, via perfil da "Operation: Payback" no Twitter, o próprio Twitter tirou a página do ar. Ela voltou em novo perfil -entre ameaças de derrubar o Twitter.
Na paródia que corre pelas redes sociais, com eco em jornais, "Liberdade de expressão não tem preço. Para tudo mais, você tem MasterCard".

(Nelson de Sá, Folha de SP, 09/12/2010)

datena e cqc

ambos são cruéis:
o cqc com políticos, 'celebridades' e músicos da moda (mas com jornalistas inexperientes também); mas datena é cruel com a classe baixa, em momento de desgraça pessoal, ainda por cima.

assange

liberdade para assange

http://liberdadeparaassange.noblogs.org/

ghiraldelli

O verdadeiro segredo do Wikileaks

08/12/2010

Caso a URSS tivesse durado mais dez anos e, então, desmoronado como ocorreu, como uma queda de um grande castelo de cartas, uma boa parte dos jornalistas teria responsabilizado a Internet por tal ocorrência. Diriam que o comunismo ia mal, mas que jamais teria realmente chegado ao fim sem a decisiva “massa de informações absorvida pelo público do Leste”. Felizmente, a URSS acabou antes. O povo de lá terminou um sofrimento descomunal e nós, aqui, vendo-a acabar do modo que acabou, fomos poupados de ter de agüentar a baboseira jornalística que apareceria, em homenagem à informação.

A informação muda menos as coisas do que nós, escolarizados de classe média e com forte influência ocidental iluminista, imaginamos que muda. Nós vamos para a escola e aprendemos idéias e, então, começamos a dar muito valor a elas. Além disso, o tipo de escolarização que temos nós coloca hegelianos mesmo que Hegel não seja mais ensinado. É que muito da nossa formação em Humanidades se faz a partir de uma história de manual em que a força das idéias substitui o jogo de sorte e azar. Julian Assange, o responsável pelo Wikileaks, é um gênio matemático e, sem dúvida, um moço bastante inteligente em geral. Mas, ele não escapa desse senso comum de classe média altamente ligada às universidades. Ele acredita que pode fazer uma revolução a partir da divulgação de informações que, em princípio, ninguém saberia. Para infelicidade dele e, talvez, nossa, ele está errado.

Isso não quer dizer que ele não possa realmente fazer uma revolução. Todavia, não por meio da informação e, sim, pelo jogo de sorte e azar. E o comportamento suicida dele pode aumentar bem a probabilidade dele fazer um bom estrago no que o Coronel Nascimento, essa fonte inesgotável da sociologia do momento, diria que é “o sistema”. “O sistema é foda”. Mas o desejo de morte de Julian Assange é mais foda ainda. E ele está preso exatamente por causa disso.

Não! Não digo que ele está preso porque, tendo instinto suicida, se jogou contra o mundo. Falar isso seria uma bobagem. O que digo é que ele está preso porque foi acusado de estupro de duas suecas – mas é um estupro especial. Na Suécia o estupro é algo bastante sofisticado. Não é estupro de Terceiro Mundo, que se faz com arma e com o membro sexual. Na Suécia o estupro dispensa a arma e o membro sexual deve estar sem camisinha, diante de uma parceira que quer fazer sexo, mas com camisinha. O sexo sem camisinha quando a parceira quer com camisinha é o sexo não consensual e, portanto, lá na Europa, terra de leis a la Jean-Jacques Rousseau, é o estupro – um crime. Numa terra do primeiro romântico, nada pode ser mais romântico que as leis do Primeiro Mundo, principalmente a lei sueca. Ora, Julian Assange não forçou nenhuma moça a fazer sexo com ele, apenas se recusou em encapar o membro sexual. Não importa quem são as moças e se elas querem dinheiro ou já pegaram dinheiro; o que é verdadeiro nisso tudo é que quem anda de hotel em hotel fazendo sexo sem camisinha é, sem dúvida, um suicida.

Julian Assange tinha de ter sua excentricidade. Nietzsche dizia que seria ridículo um filósofo casado. Um gênio que fosse não só um pequeno burguês de nascimento, mas um pequeno burguês nas suas idiossincrasias, sem excentricidades válidas, não poderia ser um revolucionário. Assim, Assange parece caprichar não só no seu visual, mas no seu modo de desafiar a morte – principalmente na hora do prazer. Na cama e no computador ele age como quem está guerreando como um super herói, mas sem escudo. Todavia, sua fama é maior que o seu perigo.

Num mundo como o nosso, em que o volume de informações sobre barbárie se torna a única barbárie reconhecida, ninguém mais se escandaliza com escândalos bárbaros. Estamos adormecidos.

Mas, se é assim, de onde vem a fama? Só do erro jornalístico e, enfim, nosso, de achar que a informação arrebenta quarteirões? Não! Sua fama vem, sim, das informações que passa, mas não das que ele próprio e nós qualificamos como importantes ou como “verdadeiras informações”. Num mundo onde nossos assuntos banais já não são nossa própria banalidade, mas grandes questões, a banalidade do cotidiano – seja lá de qual cotidiano – cresce em importância. Então, a fofoca que, pensávamos, não iria sobreviver ao fim da sociedade de corte típica do século XVIII, ampliou sua popularidade. No entanto, como fofocar se nossa vida é vazia e só preenchida pelo cosmopolitismo? Hora, podemos fofocar a partir de uma inflação do que era a sociedade de corte. Podemos gerar uma grande e imensa corte e então fofocar como quem fala de grandes questões.


Na mesa do almoço ou de jantar de cada um de nós, em família, passamos a conversar de temas gerais do mundo. Não falamos mais de coisa pequenas, ridículas. Falamos do Protocolo de Kioto ou do Tea Party ou da escolhas da Dilma ou, ainda, do poderio bélico do Iran. Deixamos para alguns falar de fofocas. Mas nem mais esses a quem deixamos agir assim fazem o que devem fazer. Os que servem a classe média não fofocam mais de seus patrões. Possuem a fofoca própria, também dada de maneira quase cosmopolita ou, no mínimo, referente a um mundo maior que o nosso particular. Ou seja, falam da novela. Sentimos que para recuperarmos as nossas vidas comezinhas precisamos da fofoca. Mas como não temos mais vida nenhuma que valha uma fofoca, usamos agora a denúncia do Wikileaks para a fofoca cosmopolita. Assim, a importância do filme do helicóptero de guerra atacando civis, mostrado no Wikileaks, não tem qualquer repercussão mundial. Passa uma vez na TV e pronto. Mas a conversa do governo americano falando que Sarkozi usa de Carla Bruni para se aproximar de Lula é mais que importante. Isso aguça tudo que temos não na cabeça, mas no baixo ventre. É a volta da fofoca com o que temos para fofocar. Não podemos deixar passar essa oportunidade de voltarmos a nos parecer com seres humanos vivos.

A fofoca é o que conta para nós, ainda que Julian Assange imagine que são as informações sobre mártires políticos aqui e ali. Caso exista uma revolução provocada por Assange, ela virá de um caso desses, de um ataque pessoal, de um disque-disque barato entre reis e ministros, incendiado por uma determinada configuração esquisita das estrelas no céu. Caso isso não ocorra, Assange terá de fazer alguma arte menor ainda, pois as maiores ele já fez e não resultaram em nada.

paulo ghiraldelli

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apesar do que escreve ghiraldelli, não vejo tanta distância entre o que ele e assange fazem, apenas diferença de grau, talvez.

pro julian assanje

texto que escrevi em 2001