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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

cine-rock, 06-11

sábado, 14:00, na Ufal - Arapiraca

'Festival Express' (documentário sobre a excursão de trem realizada no Canadá em 1970, com Janis Joplin, Grateful Dead e The Band) e

'Alta Fidelidade' (filme com John Cusack e Jack Black, baseado no romance de Nick Hornby).






fotomontagens de Heartfield

"John Heartfield, que desenvolveu a nova técnica da fotomontagem, mostrou também, mais tarde, que uma 'ideia' dialética crítica da história natural podia também ser expressa em uma imagem. Sua imagem, de título 'História Natural Alemã', apareceu em agosto de 1934 na capa de Arbeiter Illustrierte Zeitschrisft (Jornal Ilustrado dos Trabalhadores) como um ataque político direto contra o Reich de Hitler, e mostrava claramente sua 'evolução' a partir da República de Weimar. [...]

A 'história natural' alemã é representada alegoricamente em três estados biológicos de desenvolvimento da Cabeça da Mariposa da Morte, uma progressão de metamorfoses que sugere uma ligação causal entre a República de Weimar e o fascismo (Ebert foi o primeiro chanceler de Weimar, Hindenburg seu último presidente que, por sua vez, aprovou Hitler como chanceler). Ao mesmo tempo, esta progressão (pousada sobre um galho de árvore quase morto) é vista como retrocesso, e o 'desenvolvimento' se aplica só em relação ao aumento da clareza quanto à natureza do monstro animalesco: a marca visível da caveira ou da cabeça da morte, em sua forma final hitleriana." (BUCK-MORSS, Susan. Dialética do Olhar: Walter Benjamin e o Projeto das Passagens. Tradução de Ana Luiza Andrade. Revisão técnica de David Lopes da Silva. Belo Horizonte: Editora da UFMG; Chapecó-SC: Editora Universitária Argos, 2002, pp.89s.)

Walter Benjamin, analisando a fotomontagem de Heartfield: "O espírito revolucionário da burguesia alemã se transformou na crisálida da qual brotou mais tarde a borboleta do nacional-socialismo".

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“O que nós precisamos requerer dos fotógrafos é a habilidade de dar aos seus instantâneos as legendas que os resgatarão da corrosão da moda e conferir-lhes valor-de-uso revolucionário.” (Walter Benjamin)

“Para Benjamin, a técnica da montagem tinha ‘direitos especiais, talvez mesmo totais’ como uma forma progressista, porque ela ‘interrompe o contexto em que se insere’ e assim ‘age contra a ilusão’.” (BUCK-MORSS, Susan. Dialética do Olhar: Walter Benjamin e o Projeto das Passagens. Tradução de Ana Luiza Andrade. Revisão técnica de David Lopes da Silva. Belo Horizonte: Editora da UFMG; Chapecó-SC: Editora Universitária Argos, 2002)

“Como os filmes de Eisenstein, as fotomontagens de Heartfield usam imagens diametralmente opostas para provocar um conflito no espectador, que fará nascer uma terceira imagem sintética, frequentemente mais forte do que em suas associações com a soma de suas partes.” (HEARTFIELD, Photomontages os the nazi period. New York: Universal Books, 1977, p.13. Apud BUCK-MORSS, op.cit.)

“As fotomontagens de Heartfield representam um tipo inteiramente diferente das colagens modernistas dos cubistas. Não são primariamente objetos estéticos, mas imagens para serem lidas. Heartfield voltou à velha arte do emblema para usá-lo politicamente.” (BÜRGER, Peter. Theory of the avant-garde. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1984, p.75. Apud BUCK-MORSS, op.cit.)

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A pretensão da fotomontagem da revista Veja é corroborar a ideologia da burguesia reacionária brasileira, ao pretender identificar, em última instância, Lula a Hitler, através da engenhosa montagem de fotos que parte de Lula, passa por Fidel Castro e chega a Hitler e sua paródia por Chaplin. Exatamente o oposto do objetivo de Heartfield, que mostrou o germe do fascismo na ideologia burguesa de Weimar.