novo blog

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

fernando gonzales

(Folha de SP, 14/12/2010)

WikiLeaks na Folha de SP

Desde o início do 'Caso WikiLeaks', a Folha de São Paulo não publicou NENHUMA 'carta de leitor' no seu espaço dedicado a isso. Causa estranheza o fato de que NINGUÉM tenha se interessado em comentar os escândalos vazados. Ou será que o jornal (um dos únicos no mundo que tem o privilégio do acesso aos documentos) tem evitado o assunto??
Ontem foram CINCO comentários redundantes sobre 'violência no rj', hoje, novamente, nenhuma carta.
*
A única e solitária carta de leitor publicada que trata do assunto é esta (publicada no domingo, 12/12):

"Se o WikiLeaks tivesse divulgado os gastos sigilosos do governo Lula, feitos com cartões corporativos e que passam bem longe do portal de transparência que está na internet, o presidente estaria defendendo com tanto ardor Julian Assange, o fundador do site que revelou documentos secretos do governo americano? Eni Maria Martim de Carvalho (Botucatu, SP) "

Ela, na verdade, é apenas panfleto contra Lula, e não a favor do WL.

*
Além disso, em seu importantíssimo espaço de opinião, nas páginas 2 e 3, em que atuam os chamados 'formadores de opinião', NENHUM dos autores sequer mencionou o Wikileaks.
*
(Houve ontem, inclusive, uma carta de um suposto ateu, criticando a campanha de divulgação da ATEA nos ônibus, e elencando 'ateus famosos', como "Stálin, Mao, Fidel, Pol Pot, Prestes...". O leitor da FSP Milton Akira ainda afirma que eles 'nem ateus eram', já que "tinham o marxismo como religião." Ora, por que a FSP escolheu publicar exatamente ESTA carta, de um suposto ateu, CONTRA a organização dos ateus?? E por que citar ESTES ateus famosos, e não outros como Darwin, Freud e tantos, tantos outros??)

***

No entanto, segue abaixo trecho final do Editorial de sexta-feira, 10/12:


"O caráter ambíguo do WikiLeaks, aliado à sua inexistente tradição -não há histórico consolidado de seus valores e comportamentos-, gera desconfiança sobre a possibilidade de o site vir a colocar em risco a segurança internacional e a vida de pessoas.
Essas incertezas possivelmente contribuem para as hesitações que se observam em setores que deveriam defender com vigor a liberdade de expressão e o direito da mídia, tradicional ou não, de divulgar informações reservadas.
Quanto a isso, há jurisprudência nos EUA, onde a Suprema Corte, em 1971, decidiu a favor do jornal "The New York Times" contra o governo de Richard Nixon, que determinara censura prévia para impedir a publicação dos chamados Papéis do Pentágono. O tribunal estabeleceu que o governo não pode obstar a publicação de notícias que considere lesivas à segurança ou aos objetivos nacionais.
Num mundo em que governos democráticos inventam mentiras para invadir países, vazamentos como os do WikiLeaks prestam um serviço ao esclarecimento e à verdade. Se a diplomacia exige sigilo, que seus responsáveis o mantenham com eficiência."
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1012201001.htm)

Engraçado que um editorial assim não tenha chamado a atenção de NENHUM leitor.

WikiLeaks, o recuo?

“A divulgação do Cablegate pelo Wikileaks está sendo usada por centenas de canais jornalísticos e grupos de ativistas ao redor do mundo.

Existem agora mais de 1.300 telegramas em domínio público, e outros centenas de milhares estão para ser divulgados.

Como em toda história dessa magnitude, o caso está sendo usado tanto por governos quanto por jornalistas: o governo iraniano condenou a Wikileaks como uma organização de fachada dos Estados Unidos; os governos da China e da Rússia sugeriam que Julian Assange fosse premiado com o Nobel, enquanto Israel recebeu bem as notícias do Oriente Médio que revelam como muitas nações compartilham receios a respeito do regime nuclear do Irã.

Alguns dos jornalistas, governos e ativistas que estão escrevendo sobre o material dos telegramas das embaixadas têm percepções extremas sobre vários assuntos. Essas percepções não são as percepções do Wikileaks.

A Wikileaks é uma organização dedicada à transparência e à prestação de contas, e a permitir que whistleblowers (informantes) possam fazer com que governos e corporações prestem contas sobre o que fazem de errado.

Esse é o único propósito da Wikileaks, que vamos continuar a buscar incansavelmente”.

(http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com/)

WikiLeaks