novo blog

sábado, 2 de outubro de 2010

grandes momentos da política brasileira

"Querem é institucionalizar o aborto e nós não podemos regulamentar a morte. A mulher não é dona do feto, apenas depositária. O aborto é crime. A mulher deve ter o filho mesmo sendo de um estuprador."
Severino Cavalcanti, deputado federal (PPB-PE)

*

O polêmico projeto de parceria civil homossexual, da deputada Marta Suplicy (PT-SP), dominou as conversas ontem na Câmara e dividiu as opiniões.
O grupo de oposição ao projeto era liderado pelo deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE).
De manhã, ele conversava com Corauci Sobrinho (PFL-SP), quando foi abordado por Urcisino Queirós (PFL-BA), que chegou dizendo:
- Severino, eu vim te avisar que vou embora do Brasil.
Diante do espanto de Cavalcanti, Queirós explicou:
- Quando eu era menino, o homossexualismo era punido. Depois, ele passou a ser tolerado. Agora, ele já é até aceito.
Cavalcanti argumentou:
- Eu também sou contra o projeto da Marta, mas, mesmo que ele passe, isso não é motivo para sair do país.
E Queirós completou:
- Eu não quero nem saber. Vou embora antes que esse negócio passe a ser compulsório.

(Folha de SP, 1997)

edward said

“Pensar a vocação intelectual como algo que mantém um estado de alerta constante, de disposição perpétua para não permitir que meias verdades ou ideias preconcebidas norteiem as pessoas”

“São os intelectuais que deveriam questionar o nacionalismo patriótico, o pensamento corporativo e um sentido de privilégio de classe, raça ou sexo” (p.13)

“A meu ver, o principal dever do intelectual é a busca de uma relativa independência em face de tais pressões. Daí minhas caracterizações do intelectual como um exilado e marginal, como amador e autor de uma linguagem que tenta falar a verdade ao poder”. (p.15)

“O que me prende é mais um espírito de oposição do que de acomodação, porque o ideal romântico, o interesse e o desafio da vida intelectual devem ser encontrados na dissensão contra o status quo, num momento em que a luta em nome de grupos desfavorecidos e pouco representados parece pender tão injustamente para o lado contrário deles” (p.16)

“Não quero ser mal compreendido. Não se exige do intelectual uma postura de queixosos mal-humorados. Nada poderia ser menos verdadeiro quando se pensa em dissidentes famosos e enérgicos como Noam Chomsky ou Gore Vidal. Testemunhar um estado lamentável de coisas quando não se está no poder não é, de jeito nenhum, uma atividade monótona e monocromática. Envolve o que Foucault chamou de ‘erudição implacável’, rastrear fontes alternativas, exumar documentos enterrados, reviver histórias esquecidas (ou abandonadas). Envolve também um sentido do dramático e do insurgente, aproveitando ao máximo as raras oportunidades que se tem para falar, cativando a atenção do público, saindo-se melhor na troca de farpas, no humor e no debate do que os oponentes. E há algo fundamentalmente desconcertante nos intelectuais que não têm nem escritórios seguros, nem território para consolidar e defender; por isso, a auto-ironia é mais frequente que a pomposidade, a frontalidade melhor que a hesitação e o gaguejo. [...] É uma condição solitária, sim, mas é sempre melhor do que uma tolerância gregária para com o estado das coisas.” (p.17)

(SAID, Edward. Representações do Intelectual: as Conferências Reith de 1993. Trad. Milton Hatoum. SP: Companhia das Letras, 2005)