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terça-feira, 21 de setembro de 2010

poema da minha mãe

UM CÂNTICO

Se a plenitude do ar
não fala de si
é porque não há bocas no ar

Se o vazio do espaço
não causa vertigens
é porque o medo é sondado a cada passo

Se o coração de silêncio
ainda insiste em fugir
embala-o como criancinha
e leva-o ao Sábio em ti

Se melodais viventes
fazem cirandas ao luar
canta com elas, de leve,
e recolhe-as ao seio
num colar.

Todas as dores do mundo
Toda a luz do amanhã
toda a ciranda da vida
Todo espanto e desencanto

Toda esperança e medo
Toda sombra,grito, horror
- Materiais divinos
Doações de puro amor.

(publicado na Revista Ananda, 1999)