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domingo, 3 de outubro de 2010

tucanismos


"A pesquisa mais recente [para presidente da República, em 2006], divulgada na última semana, tem sido interpretada de diversos modos e intenções. O crescimento da popularidade de Lula e da aceitação de seu governo não deixa de provocar um exame de consciência nos profissionais da mídia, alguns deles acreditando que a imprensa, em geral, é o quarto poder.

Um poder que nada pode além de fazer muita marola, que nem sempre chega a molhar os rochedos da corrupção e da bagunça administrativa a que infelizmente estamos habituados. Por meses -quase um ano, não tenho certeza-, a mídia escancarou as mazelas do governo em diferentes setores, todos elas revelando que, de alguma forma ou de todas as formas, o presidente sabia dos esquemas em que seus auxiliares e amigos mais chegados chafurdavam. [...]

Na realidade, Lula deitou e rolou para as CPIs que foram instauradas e em que foi acusado de cumplicidade com a corrupção. Na hora H, seu nome foi poupado dos relatórios finais, mas não da cobertura que a mídia lhe dedicou. E, se não deu bola para CPIs, muito menos bola deu para editoriais, articulistas, cronistas, colunistas e todos os que ocuparam os vários veículos de comunicação do país e do exterior."

(Carlos Heitor Cony, Folha de SP, 18 de junho de 2006.)