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domingo, 8 de maio de 2011

cine-rock 7 (07/05/11) (relato)

Ontem, 07/05, apenas uma dúzia de pessoas se aventurou ao centro da cidade, para assistir o filme sobre o Kurt Cobain. O filme tem um tom melancólico que o percorre desde o início, com um longo travelling aéreo sobre uma cidade, desde o mar, enquanto escutamos a voz do falecido líder do Nirvana, em off, sem nunca vermos seu rosto, apenas no final, quando, junto com uma legenda escrita é contado que Kurt se suicidaria um ano após a gravação das entrevistas, e são mostradas algumas fotografias da banda em ação e de seu cantor. Creio que não há músicas do Nirvana na trilha, mas apenas sons de bandas que o líder da banda curtia, ou admitia como influência.

Além de estarmos em reduzido número (e dos restos da euforia pelo time de futebol da cidade ter conquistado o campeonato estadual, pouco mais cedo), mesmo tendo, pela primeira vez conseguido fazer o filme começar no horário marcado – eram 19:02 quando finalmente o dvd foi solto, ao contrário das outras vezes, em que ficamos esperando chegar mais público para começar, o que já atrasara o início da exibição em pelo menos uma hora, outras vezes – por volta de 20:00 começaram a entrar pessoas que visivelmente nada tinham a ver com o filme exibido, muito menos com a música em geral: estavam lá esperando a sessão seguinte, com Brasileirinhas, cujo cartaz já estava afixado na bilheteria do cinema.

Uma dessas pessoas (todos homens, na casa dos 50 anos e mais), talvez embriagado, xingou em voz alta durante os 20 minutos finais, gritando que ‘aquilo’ (o filme sobre Kurt Cobain) ‘não era filme’, ‘isso não é cinema’, incomodando os poucos que havíamos nos atrevido a sair de casa para ver ou rever o belo filme de AJSchnack. Felizmente, ninguém respondeu ao cidadão, e todos saímos em paz para nossos destinos posteriores (acho que nenhum ‘dos nossos’ ficou para conferir o Brasileirinhas da vez, que, por seu lado, tinha um cartaz de propaganda até bem interessante).

Mesmo assim, o incidente faz-nos compreender que o papel do Cine-Rock, ali no Cine Triunfo, nos sábados à noite, parece estar chegando ao seu fim, tanto no sentido de ter cumprido sua finalidade, como no de término de atividades mesmo. Foram colocados em contato pessoas e universos distantes: tanto de alguns dos amantes da música e do cinema da cidade, que nunca haviam, entretanto, adentrado a sala de exibição, como especialmente aproximando a Universidade Federal de Alagoas do proprietário da última sala de cinema no interior de Alagoas. 

Feitos os contatos preliminares, cumpre agora a UFAL, através de sua Pró-Reitoria de Extensão, conversar com os proprietários do local, e ver da possibilidade concreta de uma parceria em regime de comodato que vise adequar o local para exibições regulares e diárias, com programação própria feita pela academia, voltada para as famílias arapiraquenses.

Ainda assim, programei, para a provável última sessão do Cine-Rock, o filme ‘Botinada: a origem do Punk no Brasil’, para o próximo sábado, 14/05, coincidindo aliás com o Festival de rock Maionese 2011, em Maceió, acreditando que o público poderá ser ainda menor (eu, pelo menos, tentarei estar também na capital, ao menos no sábado, já que sexta aqui é dia de aula normal. Programação em http://popfuzz.com.br/headline/festival-maionese-2011/), embora vá, pessoalmente, continuar a divulgar o filme agora também em mais guetos roqueiros, com filipetas baratinhas (confio muito mais no convite real de papel que no virtual, via Twitter, Orkut etc), para chamar a atenção inclusive dos citadinos que não curtem nem música nem cinema, para o problema da sala do Cine Triunfo, que precisa ser ajudada devidamente pelo poder público (no caso, o Federal, já que o município, como reza sua Agenda21 (ver comentários no blog www.filosofandonacopa.blogspot.com), se comprometeu a não fazer nada pela Cultura em Arapiraca até 2018.

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“Eran tantos los que faltaban, que, si falta uno más no cabe.”
(FERNÁNDEZ, Macedonio. “Para una teoría de la humorística”. In: Papeles de Recienvenido: continuacción de la nada. Buenos Aires: Editorial Losada, 1944, p.242.)

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publicado no blog http://ufalprocinema.blogspot.com/